O Scrum é Simples?

PodCast: O Scrum é Simples?

 

Há quem ache o Scrum simples ?

 

Há que acredita que o Scrum não é simples ?

 

Quem tem razão nesta polêmica?

 

Bom, vamos primeiro entender da essência do framework Scrum para depois entender o que é Simples ou não ?

 

Poderíamos reduzir o Scrum em 4 grandes etapas centrais para a construção de um modelo de gestão ágil com o framework Scrum:

 

  • Levantar demadas/Requisitos (Backlog)
  • Operacionalizar/Produzir as demandas de maior geração de valor
  • Avaliar o valor gerado x esperado.
  • Voltar ao início do fluxo com propostas de melhorias.

 

 

Mas isso seria simplificar o conceito?

Ou seria torná-lo simplório?

 

Será que todos os envolvidos na gestão ágil compreendem a diferença?

 

Há simplicidade no Scrum?

 

 

 

Vejamos os conceitos literais e filosóficos/comportamentais:

 

Dicionário:

 

Simples: “O que não é complicado, seja em aparência ou em personalidade, feito de poucas partes, sem *ocultar nada”

 

Simplório: “Característica do que é crédulo; que possui excesso de credulidade. Tolo. Ingênuo. Ignorante.”

 

Resumindo, por definição podemos ter que o simples pode ser característico por revelar as partes que podem estar “escondidas” em uma complexidade.

 

Já o simplório podemos compreender que temos pela ignorância da complexidade inerente de uma situação. Ou ainda apenas ter uma crença sobre uma determinada situação, sem se ter ciência de sua complexidade.

 

COMPORTAMENTOS RELEVANTES PARA O SCRUM

 

No entanto, para EUGÊNIO MUSSAK, especialista em EDUCAÇÃO CORPORATIVA, há uma implicação comportamental na diferença entre o simples e o simplório.

Para Mussak, pessoas simples procuram resolver a complexidade.

 

Já, os simplórios a evitam. Quase que como o “diabo foge da cruz” ?

 

Para Mussak, existem pessoas com grande capacidade intelectual, com vidas até sofisticadas.

 

Que são capazes de realizarem trabalhos complexos.

Que, podem e conseguem até mesmo apreciar leituras profundas.

E ainda assim, serem pessoas simples, desenroladas.

 

 

E Eugênio ainda continua a explicar a diferença entre os termos, acreditando que há pessoas com pouca profundidade.

Pessoas que realizam trabalhos massificados. Com poucas ambições. Tanto em questões de realizações de vida (pessoal ou profissional).

Estas seriam pessoas que apreciam rotinas e evitam os sustos ou riscos de uma vida mais rica.

 

Estas seriam pessoas simplórias. Mas que assim mesmo, conseguem ser complicadas.

 

Para elas tudo é difícil. Quase impossível.

 

E por isso não se aprofundam nas complexidades inerentes a determinadas situações.

 

“ser simples não significa evitar o complexo, abrir mão da sofisticação, negar a profundidade, contentar-se com o trivial. Ser simples significa olhar com olhos plácidos a esfinge da complexidade e decifrá- la muito antes de correr o risco de ser por ela devorado.” (Eugenio Mussak, 2021)

 

O que isso significa?

 

Significa que simplificar nada mais é do que um processo de facilitação ao que se interessa. Ou ao que se necessita fazer ou conquistar.

 

Um exemplo prático que Mussak traz é sobre um documentário de Picasso.

 

Este documentário retrata uma cena em que Picasso está desenhando uma pomba.

Aquela que seria adotada como um símbolo de Paz pelo Congresso da Paz em Paris.

Nesta cena, o artista faz a pomba com extrema facilidade e leveza.

 

Mas o que pouca gente sabe é que esta habilidade e genialidade foi desenvolvida.

 

Desenvolvida a partir de longas horas de estudo e dedicação.

O artista se aprofundou na anatomia humana. Revelou Cézanne, desconstruiu faces no cubismo.

 

Em outras palavras, foi necessário tempo e experiência até que ele tenha chegado à simplicidade de sua arte.

 

 

E o que tem haver Picasso em relação ao Scrum?

 

Um olhar superficial no framework revela muitos artefatos, processos e ferramentas simples.

 

E não sou eu que digo isso. Pode procurar na Internet, que você vai encontrar muita gente dizendo que Scrum é simples.

 

E sim, a verdade é que o framework Scrum descreve maneiras e processos simples de se fazer a gestão ágil.

 

Vou até além: Em alguns pontos e artefatos, são até aplicados conceitos óbvios para algumas pessoas.

 

Mas para executar esta simplicidade, é como a simplicidade de execução da arte de Picasso!

 

É necessário compreender que há muitos mais questões comportamentais do que processuais em sua implementação.

 

Pergunte a qualquer um que já fez uma implementação ágil:

 

Como foi aplicar o método?

 

E muitos irão te responder algo como:

 

Eu apresentei o framework ou o processo, mas houve grande resistência….

Ou ainda: Ninguém entendeu como isso ajuda, e por isso ninguém comprou a ideia de início…

Mais ainda: Eu tive que empurrar goela abaixo se não ninguém fazia.

 

Ora, gente, como esperar colaboração mútua das equipes se os processos são entubados nos colaboradores?

Percebem que estas questões respingam em questões comportamentais?

Que vão além de se ensinar como aplicar uma reunião de planejamento?

Que vai além de criar um post-it com o nome da demanda em um quadro colorido?

Que necessita de entender a complexidade das relações humanas?

 

E de como estas podem ou não estar relacionadas com a vontade da sua empresa ou dos seus times em agilizar os trabalhos?

Que envolver gerar mudanças de hábitos e rotinas, que podem gerar mudanças culturais?

Mudanças que nem todos estão preparados para encarar?

Quando falamos em mudar o modo que fazemos determina coisa, estamos falando de criar comportamentos e novas habilidades neste processo.

 

Por isso não basta saber aplicar o processo ágil!

 

É preciso entender as motivações humanas.

 

Compreender os propósitos de cada colaborador e de cada liderança.

 

Possuir Soft Skills para negociar, articular, ponderar, remodelar relações, comunicar, sem ferir a sensibilidade alheia…. e várias outras habilidades interpessoais.

 

Além de construir um domínio de sua própria inteligência emocional, para poder lidar com conflitos emocionais de outros envolvidos no processo.

 

Sim, ou você acha mesmo que times multifuncionais ou auto gerenciáveis nascem prontos.

Vou ali até o meu fornecedor BodyShop e TCHAM. Time ágil instalado com sucesso?

 

Durante a aplicação do método ágil, é preciso compreender as relações entre as diferentes áreas afetas pelos produtos e projetos em desenvolvido.

 

É necessário entender a relação dos Objetivos com os propósitos estratégicos do produto e da empresa.

 

Nossa André, é muita coisa!! Mas você não acabou de dizer que era simples?

Eu não posso começar simplificando?

 

Sim, pode e deve!

 

Mas lembre-se:

 

Qualquer modelo ágil, como ou sem Scrum, é Simples, mas NÃO é simplório.

 

O processo de implementação e de modelagem da gestão é simples.

Bem simples na verdade.

 

Mas durante esta simplicidade, as dobras da complexidade podem surgir.

E é aí que a simplicidade do conceito se revela ?

É nesta complexidade que a simplicidade atua, eliminando suas “dobras”.

 

Até a compreensão do problema original.

 

É disto que se trata o framework Scrum.

 

Uma proposta simples para lidar com problemas complexos.

 

Lembra dos conceitos de Simples e Simplório acima?

 

Sim, o Scrum é Simples. Mas está longe de ser simplório.

 

Interessado em se aprofundar no assunto?

Confira aqui como entender mais sobre isso, e como se tornar um Scrum Master com o domínio desta simplicidade.

 

Um grande abraço.

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